COLÁGENO E VITAMINA C MELHORAM MESMO A PELE?
VEJA A CONCLUSÃO DE DOIS ARTIGOS CIENTÍFICOS RECENTES
O envelhecimento da pele sempre foi uma preocupação. Sobretudo, nos últimos tempos, com o aumento da expectativa de vida. Não à toa certas substâncias ganharam destaque para melhorar a qualidade cutânea e prevenir os efeitos da passagem do tempo. Entre elas, o colágeno e a vitamina C, que passaram a ser comercializados maciçamente em farmácias, além de bastante prescritos em receitas médicas e divulgados por inúmeros influenciadoras digitais.
Mas será que estes dois componentes são realmente eficazes? De acordo com duas publicações científicas atuais, não há evidências de peso.
Sobre o Colágeno
Um artigo recente, deste ano, publicado no Dermatology Therapy Journal, analisou a eficácia do colágeno oral e tópico na dermatoporose. Esta condição afeta, principalmente, mulheres acima de 85 anos e se caracterizada não só pelo envelhecimento clássico da pele, como também pelo seu afinamento e fragilidade, com tendência a manchas roxas, depois de pancadas.
A conclusão da publicação é a de que o dermatologista não tem respaldo suficiente, baseado em artigos científicos, para prescrever esta substância. Isso porque não houve alteração no espessamento da pele, nem aumento na densidade das fibras de colágeno e elastina, depois que algumas mulheres acima de 60 anos, consumiram, por seis meses, 5g de colágeno hidrolisado via oral e aplicaram cremes com este componente em algumas partes do corpo.
Na pesquisa, as mulheres que usaram colágeno foram comparadas a um grupo-controle que não utilizou a substância e os dados foram analisados com diversas ferramentas clínicas e laboratoriais.
Sobre a Vitamina C
Já um artigo, também de 2023, publicado em setembro, no Journal of Drugs in Dermatology, realizou uma revisão da literatura, de 2015 a 2022, sobre a busca de 85% dos consumidores americanos por produtos com vitamina C. Dos 5.428 estudos revistos, apenas sete se enquadraram nos critérios apropriados para uma avaliação clínica. E destes sete, somente quatro tiveram evidência com nível moderado de confiabilidade.
Segundo a publicação, os estudos selecionados poderiam ter sido mais detalhados. Além disso, concluiu que, em todos, as fórmulas analisadas tinham outros compostos, além da vitamina C. Por isso, afirmou que seria impróprio concluir a real eficácia deste badalado princípio ativo.
O que mais chamou a atenção da dermatologista Gabriella Albuquerque, neste artigo, foi a informação de que a molécula da vitamina C tem baixa estabilidade em sua forma independente, sendo de difícil penetração na pele.
“Esse dado nos leva a crer na necessidade de evidências científicas sobre a atuação desta substância nas rugas. Seja da vitamina C na forma pura, para uso tópico, como para administração oral”, completa a médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologista.
Depois de ler atentamente os artigos sobre o colágeno e a vitamina C, a Dra. Gabriella ressalta que nenhum dos dois desclassifica completamente estas substâncias. “Eles apenas justificam que não há estudos científicos de tanto peso para seu uso. A única certeza é a de que, enquanto as pesquisas caminham em passos de tartaruga, a indústria e o apelo da mídia seguem em passadas aceleradas de guepardo”, finaliza.